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sábado, 5 de fevereiro de 2011

O Longo Amanhecer (Um comentário sobre a obra do saudoso mestre Celso Furtado)

Ler as obras de Celso Furtado sempre me leva a refletir sobre o desenvolvimento tardio da economia brasileira. Acabo de ler, o Longo Amanhecer, um livro que aborda vários fatos que ocorreram no Brasil durante o século XX. No decorrer do livro, o autor critica a falta de competência dos governantes brasileiros em implantar uma política de governo séria que, de fato, impulsionasse o crescimento da economia, e faz menção á todo seu trabalho árduo e cheio de obstáculos na vida política e na busca pela construção de um país melhor.
Através de um estudo, a fim de medir o produto interno bruto, Celso constatou que a economia brasileira estava bastante atrasada em relação aos outros países da America Latina, e criticou a situação em que o Brasil se encontrava , sendo que nenhum outro país latino americano possuía uma quantidade de terras tão férteis e produtivas, e mesmo assim, conseguia crescer seu produto interno bruto em ritmo mais acelerado que o Brasil. Na visão dele, o Brasil tinha uma vocação industrial ociosa e os governantes da época tinham uma grande incapacidade de formular um plano econômico que impulsionasse a economia brasileira.
A partir de 1932, com o governo Vargas e a revolução constitucionalista, o Brasil começa a dar um salto na economia, que por sinal não ia muito bem. Os produtores de café estavam enfrentando uma grande crise econômica, e logo pediram ajuda para o Governo Federal, que comprou milhares de sacas de café, para evitar que os preços despencassem na bolsa e depois queimou boa parte delas. Para os leigos pode parecer uma decisão bem, com o perdão da palavra, "idiota". Alguns economistas da época criticaram bastante a decisão do governo e diziam que era o mesmo que emitir moeda e depois jogá-las fora. Porém, foi essa decisão que sustentou os grandes produtores de café e fez com que a economia voltasse a "caminhar com as próprias pernas". Conseguir se safar desta crise foi o primeiro sinal de que o Brasil estava conseguindo se estabilizar economicamente.
Após da segunda guerra mundial o Brasil começou a ocupar a capacidade ociosa que tinha no ramo industrial e cresceu consideravelmente, apoiando-se principalmente no mercado interno. Celso Furtado frisa em vários capítulos do livro o planejamento estratégico que o governo de Vargas implantou, feito esse que nenhum outro governante tinha implantado até o presente momento, que impulsionou de vez a economia brasileira.
Logo após o governo de Vargas, tomou posse o presidente eleito Juscelino Kubitschek de Oliveira, que se apoiou na base solida do governo de Vargas e expandiu mais ainda a indústria do Brasil. Este governo foi marcado pelo desenvolvimento. Juscelino, de grande ousadia, ancorado num plano de metas, pregava que pretendia avançar "50 anos em 5". Tentando o progresso econômico, o atual governo favoreceu a penetração de empresas de capital estrangeiro no Brasil. Juscelino, apesar de permitir a instalação de empresas internacionais no país á "preço de banana", foi o grande responsável pelo “boom do ramo industrial” no Brasil.
Depois de longos comentários sobre o governo de Vargas e Kubitschek, Celso Furtado deixa um pouco de lado o governo de ambos e passa a citar o seu papel no desenvolvimento da economia do Brasil.
Nos anos 60, Furtado como responsável pela política de desenvolvimento do Nordeste, aborda diversos fatos que sempre fizeram parte, não só da realidade nordestina, más de todo povo brasileiro, como a desigualdade social e a má distribuição de renda. Celso Furtado mostra alguns dos seus projetos, como superintendente da SUDENE, para melhorar a qualidade de vida do povo nordestino e também os obstáculos encontrados em seu caminho, onde por incrível que pareça, quase sempre eram colocados por governantes nordestinos. E ao falar de reforma agrária e economia agrícola no nordeste, frisa que estes não são problemas sociais, e sim problemas políticos. E por fim, termina dizendo que é fundamental solucionar o problema da criação de emprego e estimular principalmente o crescimento do mercado interno brasileiro.
Em resumo, O Longo Amanhecer, para muitos pode não parecer uma obra interessante, pelo fato do autor rebater muito a falta de compromisso dos governantes brasileiros até 1951, quando Getúlio Vargas assumiu a presidência, e consequentemente o livro só foi começar a se tornar atrativo a partir da sua metade. Porém, a obra é de suma importância para entendermos todos os fatos que aconteceram na economia brasileira no século XX, que foi a base para construirmos a economia que temos hoje.
Para finalizar, deixo minha singela e verdadeira critica: Se o Brasil conviveu durante tantos anos com uma política mal dirigida, será que hoje em dia com a grande massa de governantes corruptos e mercenários, a economia brasileira vai crescer? Será que encontraremos outro governante que queira, de fato, trabalhar pelo Brasil e pelo povo brasileiro? Ou iremos continuar vivenciando toda essa massa de corrupção, desemprego e desigualdade social? Confesso que eu, um jovem esperançoso de 18 anos, acreditei muito no governo Lula e me decepcionei com o escândalo do mensalão e dos aliados do PT. Como diria meu amigo Marcelo, "Se algum dia um político conseguiu despertar esperança, o final da história foi uma lambança..." É, acho que se o saudoso mestre, Celso Furtado, ainda estivesse entre nós, o longo amanhecer talvez virasse uma saga, e certamente, teria mais edições do que Crepúsculo, Harry Poter, e afins...


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